Penso que fazer crochê é uma das muitas formas que existem para se exemplificar o que é viver.
Quando você nasce já está preso por um fio que é cortado após alguns momentos de ter ingressado neste vasto mundo.
E, quando se está separado daquele lugar onde tínhamos tudo do que precisávamos, nosso corpo começa a procurar outro fio para ligar com o início da vida que estamos prestes a viver.
Sendo assim no início, o que mais desejamos é estar ligados a alguém, a alguma coisa, algum propósito, alguma crença, algo que nos dê a sensação de pertencermos a um grupo, a algo que minimize nossa solidão.
Quanto mais tempo vivemos, mais vamos experimentando novos fios e novas ligações, tornando nossa vida um tecido único, diferente, mesmo guardando inúmeras semelhanças com tantas outras tessituras que encontramos ao longo da nossa existência.
Tecer peças de crochê é metáfora para nossa vida.
O fio sai de um novelo, que aos poucos, ponto a ponto, vai se desfazendo e se transformando em algo completamente diverso da sua origem.
Cada ponto acrescentado ou diminuído vai formando um desenho, um padrão, que pode ser modificado a qualquer momento e transformar o resultado final com grande diferença daquilo que foi planejado no início.
As mãos seguram a agulha e o fio. A mente arquiteta o desejo de realizar e as mãos juntamente com os olhos vão construindo pouco a pouco aquilo que antes só existia em pensamento.
Terminada a criação daquilo que foi projetado, há uma tarefa, que nem sempre podemos realizar em nossa vida: o arremate perfeito.
Depois da peça pronta, há que esconder os fios, para que nada perturbe a beleza e a harmonia do trabalho. Além de arrematar os fios é necessário fazer o acabamento final que pode consistir em contornar toda a peça com um ponto diferente que, ao mesmo tempo em que emoldura o que foi feito, chama a atenção para a quase perfeição do trabalho finalizado.
No crochê, podemos desmanchar o trabalho a qualquer momento em que constatamos um erro e refazer tudo. Na vida, nem sempre é possível.
A Vida é um maravilhoso trabalho do Grande Arquiteto do Universo, onde cada dia representa um ponto na construção do imenso e eterno tecido de nossa existência.
O texto acima expressa a visão de quem o escreveu, não necessariamente a de nosso portal.